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Nosso perfil diz muito sobre o que dará ou não dará certo na contratação de uma franquia. Assim, uma vez escolhido o segmento de atuação, o tipo de negócio, a franquia com a qual nos identificamos, resta-nos formalizar nosso interesse junto à franqueadora responsável.

Como isso ocorre? Como nos posicionamos perante a Franqueadora? Não raras vezes sou consultada por candidatos à franquia não propriamente para a contratação em si, muito menos para a análise da documentação pertinente. Consultam-me no início. Já no preenchimento da ficha cadastral, em regra, solicitada previamente pela Franqueadora.

Consultam-me quanto ao seu preenchimento por mais curioso que isso possa parecer. Sim, pois, como já pudemos ver aqui, a escolha de um negócio, de uma franquia a ser contratada, carrega em si, grande dose de ansiedade e expectativa. Como comentamos, são várias as decisões pessoais a serem tomadas mesmo antes da assinatura de qualquer documento. São muitas as inseguranças, dúvidas, incertezas que cercam esse tipo de contratação.

Logo, não há nada de estranho em temer-se qualquer passo em falso. E é justamente por isso que ao primeiro contato esse temor já venha à tona. E por que na ficha cadastral? Ficha cadastral não é o local onde “preenchemos” nossos dados pessoais? Nome, endereço, telefone, identidade etc.? Também é. Mas no caso das franquias, elas servem também para que a franqueadora faça uma primeira triagem de seus candidatos. Seja por suas expectativas, que podem não coadunar com os interesses e projeções da rede como um todo, seja pela capacidade de investimento do franqueado, seja pela sua disponibilidade de dedicação ao negócio ou até por seu território de interesse que, por vezes, ou está saturado para aquela empresa, ou simplesmente não se encontra no seu plano de expansão.

Atualmente, com o avanço da tecnologia, a ficha cadastral a ser preenchida pelos candidatos à franquia, normalmente encontra-se disponibilizada nos sites das empresas franqueadoras. Quem se interessa, clica no ícone, preenche e “comunica” à franqueadora sobre seu interesse em se tornar franqueado.

Daí é que surge a angústia. Como se posicionar perante a franqueadora? Digo realmente quanto tenho para investir ou “aumento um pouco” para causar boa impressão? Digo que vou me dedicar 12 horas por dia ao negócio mesmo sabendo que só poderei dispor de pouco mais de 4 horas diárias? E por ai vão as dúvidas.

Ora, chegamos até este ponto após passarmos por diversas indagações. Ser franqueado ou abrir meu próprio negócio? Franquia de alimentação ou de curso de idiomas? Não parece acertado, sob todos os aspectos, justo neste momento, “camuflar” nossa própria realidade para parecermos melhores (ou mais adequados) do que realmente somos e, com isso, criarmos uma falsa expectativa para a empresa com a qual pretendemos contratar.

Ao decidirmos por uma franquia, optamos por trabalhar em parceria. Parceria em prol de um objetivo comum. Neste caso, o sucesso de um negócio, o fortalecimento de uma marca e o retorno financeiro. Se buscamos uma parceira, ela só poderá ter a exata noção de quem somos, se a ela apresentarmos condições verdadeiras, condizentes com a nossa realidade. Mais importante do que uma “boa impressão” é passarmos a impressão verdadeira, sem qualquer subterfúgio. Aliás, a boa-fé, que hoje constitui preceito legal de toda e qualquer contratação, deve acompanhar não só o contrato propriamente dito, mas todas as tratativas que nele resultaram. E este comportamento é exigido tanto da empresa franqueadora quanto de quem se candidata a ser franqueado.

Neste sentido, inclusive, já na Lei 8.955/94 que regulamenta a franquia empresarial no Brasil, foram determinados os requisitos necessários e indispensáveis para formalização deste tipo de relação. Dentre estes requisitos, está a obrigação da empresa franqueadora fornecer uma série de informações prévias ao candidato à franquia, antes que qualquer contrato seja assinado ou que qualquer valor lhe tenha sido pago.

Portanto, como a escolha da franquia foi precedida (ou pelo menos deveria ter sido) por uma intensa análise por parte do candidato, ao preencher a ficha cadastral, inicia-se a análise, por parte da franqueadora, do perfil de quem está se apresentando pois, da mesma forma, é muito importante para ela conhecer com quem irá contratar, que tipo de pessoa será incluída na rede, que tipo de contribuição poderá esperar etc.

Obviamente, não será com a análise de uma ficha cadastral que se garantirá a “qualidade” do franqueado, mas todas as etapas desse conhecimento são de suma importância e nenhuma delas pode ser desprezada.

Logo, não se pode hesitar em ser verdadeiro em todos os contatos e informações com a futura franqueadora, tratando-a da maneira que espera ser tratado por ela. Apresente-se e informe a sua realidade, suas aspirações, sua capacidade financeira e suas expectativas. Se por acaso estas não condizem com as da franqueadora em questão, o melhor é que não contratem nenhum tipo de parceria.

Continuaremos no próximo artigo a tratar das etapas e documentos que norteiam a contratação de uma franquia empresarial.