Após algumas semanas falando da importância do relacionamento em uma franquia e , mesmo antes de esgotarmos o tema que, na verdade é inesgotável, penso ser muito positivo voltarmos a falar aqui sobre o início, o começo da operação quando, ainda que não se tenha a devida consciência disso, poderemos estar definindo o sucesso ou fracasso da empreitada a que nos lançamos.
Sim, pois, é no início quando a clientela do negócio ainda está sendo conquistada, quando o domínio da operação ainda não está nas mãos do franqueado que recentemente começou a se “ambientar” com a atividade, quando os funcionários que nela trabalham da mesma forma ainda não conhecem profundamente os produtos que pretendem vender ou não possuem ainda experiência na prestação dos serviços que terão que oferecer, é que o destino daquela unidade começará a ser efetivamente traçado.
Não é raro receber em meu escritório franqueados infelizes com o rumo que suas operações tomaram, com o tamanho da dívida que acumularam e, com isso, ávidos por encontrarem alguém para responsabilizar por tamanha frustração.
Como se não bastasse o fracasso em si pior é ouvir de quem você procura para lhe ajudar, que esse fracasso na realidade é culpa sua. Que foi você que provocou cada um dos infortúnios que está passando. Mas acreditem, pior ainda é ser essa pessoa — a que diz que a culpa é sua.
Na maioria das vezes é o que faço. Ou melhor é o que me vejo obrigada a fazer. E isso vai de encontro a própria natureza das pessoas pois, como diz a máxima “Errar é humano. Colocar a culpa nos outros…é mais humano ainda!” E com esse pensamento, ouvir de alguém que a culpa não é de nenhum outro e sim de nós mesmos é duro, muito difícil na verdade. Mas ser a pessoa que conclui isso também não é nada fácil.
Se tudo que já falamos sobre a escolha do tipo de negócio que se vai desenvolver, a importância da escolha da rede de franquias a que se vai se associar, o investimento consciente dos recursos financeiros e a obediência as indicações da franqueadora quanto a previsão de capital de giro, reservas financeiras em razão do tempo de maturação da atividade, remuneração dos colaboradores, determinação dos custos de ocupação que costumam ter grande impacto no resultado final do negócio, muito dificilmente problemas graves irão ocorrer.
Entretanto, se algo deixou de ser pensado no momento oportuno, pode acontecer de o negócio, desde o seu início, dar sinais claros de que irá agonizar em pouco tempo e é muito importante ficar atento a estes sinais.
A rigor, no início nada pode ser desprezado. Nenhuma nuance, nenhum indicador pode ser desconsiderado. E ao perceber que o rumo do negócio não é o que foi inicialmente traçado, é crucial que se tomem imediatamente as providências para “estancar” o problema.
Canso de ver franqueados que poderiam ter saído muito antes de verem suas vidas transformadas em verdadeiras “bolas de neve” visando fazer dar certo uma atividade fadada ao fracasso desde seu nascedouro. Fracasso esse totalmente perceptível, o qual, desde o início, deu sinais de que ocorreria.
Os sinais são claros e na maioria dos casos estão expressos nas contas que, simplesmente, não fecham! Suportar uma atividade que dá prejuízo não tem justificativa. Negócio é negócio e foi feito para dar resultado. Se apegar a ele, pelo capital investido, pelo sonho, pela expectativa, por si só, não vai fazê-lo dar certo. Ele tem que ser viável e se não for, o melhor é perceber isso o quanto antes.
Vender seu apartamento, acabar com todas as suas reservas financeiras, tomar inúmeros empréstimos para pagar as contas de uma atividade que simplesmente não dá retorno, não vai melhorar a situação.
Obviamente, toda atividade tem um tempo de maturação, um tempo para ficar conhecida de seu público, tempo esse que deve inclusive ser mensurado previamente e para o qual deve-se estar financeiramente preparado.
Entretanto, passado esse período ou se ainda nele o negócio não chega nem perto de alcançar o seu ponto de equilíbrio, todos os sinais de alerta devem ser ligados e antes que sejam necessários recursos extremos, antes que se acumulem empréstimos absurdos ou se vendam patrimônios pessoais que, por vezes, levaram a vida inteira para serem amealhados, deve-se fazer uma dura e crítica avaliação de quais são as reais possibilidades daquela operação se reverter numa atividade lucrativa.
Às vezes, pode-se diminuir a metragem, pois é o custo de ocupação que inviabiliza a obtenção de resultado. Às vezes, pode-se reduzir o pessoal, pois é a folha de pagamento que sobrecarrega muito o caixa. Às vezes, deve-se comprar menos mercadoria para adequar o fluxo. O importante é não se perder o “time”. Porque quando se esgotam as providências e sobram as dívidas, pouco há a ser feito.